Como o álcool afeta a sua personalidade?
Rachel Winograd, psicóloga da Universidade
do Missouri, nos Estados Unidos, acredita que sim. E vai além: ela descreve
quatro tipos diferentes de "bêbados", com base em experimentos
realizados em seu laboratório.
"Sempre falamos da maneira como
as pessoas ficam diferentes quando bebem – há os bêbados 'alegres' e os bêbados
'chatos'. Mas não existia praticamente nada sobre isso na literatura
científica", afirma.
Por isso, ela convidou algumas
centenas de estudantes para trazerem um amigo para um teste em seu laboratório.
Os voluntários responderam questionários detalhados sobre como viam suas
próprias personalidades e a de seus colegas, tanto em momentos de sobriedade
como de embriaguez.
Através disso, ela pode examinar
mudança em características como conscienciosidade, extroversão e amabilidade.
Mary Poppins ou Professor Aloprado?
Em seguida, Winograd e seus colegas
analisaram as respostas em busca de pontos em comum de características
comportamentais, descobrindo quatro tipos distintos de "bêbados", que
eles batizaram de acordo com algumas personalidades famosos do cinema e da
literatura.
O bêbado Ernest Hemingway, assim como
o próprio escritor americano, mantém seu intelecto e sua capacidade de
raciocinar mesmo com o consumo de álcool, e muda muito pouco quando se
embriaga.
Já o tipo Mary Poppins é aquele bêbado
alegre e agradável, mas que se mantém responsável durante toda a balada.
O Professor Aloprado começa a noite
tímido, mas de repente se torna mais extrovertido e até um pouco
"saidinho".
Por fim, o bêbado Mr. Hyde (o
personagem malvado do clássico O Médico e o Monstro) é aquele que se
torna mais desagradável e irresponsável quanto mais bebe.
'Olhos de cerveja'
É interessante notar que a maioria dos
voluntários analisados por Winograd se revelou como sendo do tipo Ernest
Hemingway, enquanto apenas 15% eram Mary Poppins.
Apesar de ter batizado as diferentes
personalidades de maneira aparentemente frívola, Winograd acredita que a
referência a ícones culturais pode ajudar sua pesquisa a atingir um público
mais amplo.
"Não somos tão ingênuos a ponto
de acreditar que essa classificação cobre todas as nuances", afirma.
"Mas trata-se de algo fácil de entender e que as pessoas podem reconhecer
facilmente, aplicando a si mesmos ou a seus amigos e familiares quando
interpretarem a pesquisa."
O estudo mostrou ainda que a visão que
um voluntário tinha de si mesmo acerca de seu comportamento quando embriagado
raramente coincidia com a opinião de seu amigo.
Uma possível explicação pode ser o
fato de nossos "olhos de cerveja" nos levam a pintar um retrato mais
favorável de nós mesmos do que realmente nossos amigos veem.
Ou ainda, pode ser que percebamos
melhor as mudanças em nós mesmos, algo que nossos amigos não percebem.
Também seria interessante analisar
como o estado de embriaguez de uma pessoa muda de acordo com a situação. É
perfeitamente normal ser o Professor Aloprado uma noite e Mr. Hyde na outra.
Para resolver essas questões, Winograd
está trabalhando em experimentos para filmar estudantes enquanto começam a
beber, para que especialistas independentes avaliem seu comportamento.
Enquanto isso, ela espera que seu
projeto ajude as pessoas a pensarem de uma forma mais analítica sobre seus
hábitos de bebida e os problemas que eles podem acarretar.
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