terça-feira, 24 de novembro de 2015

Por Alfredo Brites




Os finalistas do “Oceanos 2015 – Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa”.





O júri — formado por Eduardo Sterzi, Eliane Robert de Moraes, Eneida Maria de Souza, Ítalo Moriconi, Josélia Aguiar, Luiz Costa Lima, Regina Zilberman, Sérgio Alcides; e pelos curadores Noemi Jaffé, Rodrigo Lacerda e Selma Caetano discutiu os 63 classificados na etapa anterior e 36 livros entre os concorrentes obtiveram votos.  
Isso acabou levando o número de finalistas passar dos habituais 12 para 14 livros – três obras ficaram empatados.  Agora o júri tem até o 7 de dezembro para uma nova leitura e avaliação dos títulos para eleger os quatro finalistas. O anúncio será feito em cerimônia no Auditório Ibirapuera-SP no dia 8.
Entre as poucas modificações está o fim das categorias e do valor da soma dos quatro prêmios finalistas, que passou de R$ 200 mil para R$ 230 mil.
Veja a lista de finalistas. A organização divulgou um comentário sobre cada livro. Os finalistas se encontram em ordem alfabética:

A Calma Dos Dias
, de Rodrigo Naves (Companhia das Letras)
O autor transgride a fronteira entre gêneros que em princípio são não-ficcionais, como o ensaio curto, o fragmento, o aforismo e a anotação fortuita de reflexões sobre a vida e o cotidiano aproximando-se às vezes, da crônica. O resultado, porém, atrai para o conjunto uma inesperada atmosfera de ficcionalidade. 
A Desumanização, de Valter Hugo Mãe (Cosac&Naify)
 Valter Hugo Mãe ambienta o seu sexto romance na Islândia onde vive uma grande sofisticação espiritual. A desumanização personifica a solidão humana na história dolorosa de uma menina que perde sua metade gêmea.
A Primeira História Do Mundo, de Alberto Mussa (Record)
A obra reconta o primeiro assassinato da cidade do RJ ocorrido em 1567. Para isso, o autor combina, de forma habilidosa, romance, ensaio e antropologia, convocando a mitologia a iluminar os pontos obscuros da história. 
Dez Centímetros Acima Do Chão, de Flavio Cafieiro (Cosac&Naify)
Com virtuosismo de estilo, o autor escreve contos de grande trabalho autoral, em que o tratamento empresta originalidade até a temáticas aparentemente banais.
 Mil Rosas Roubadas, de Silviano Santiago (Companhia das Letras)
Romance de profunda dramaticidade, elaboração autobiográfica e biográfica, no limite entre ensaio e ficção, revela uma resolução narrativa inovadora na obra do autor. 
O Homem-Mulher, de Sérgio Sant’Anna (Companhia das Letras)
O escritor contemporâneo brasileiro emprega o erótico não como tema espetaculoso, mas como parte de uma sinfonia pastoral que, principiando por uma cena carnavalesca-erótica em um cemitério, termina com a harmonia alcançada entre a demência pela derrota no futebol e o encanto por uma bailarina.
 Ondas Curtas, de Alcides Villaça (Cosac&Naify)
Poemas da mais pura tradição modernista nos quais se combinam erudição e cultura popular, humor e lirismo. 
O Irmão Alemão, de Chico Buarque (Companhia das Letras)
Romance que enganosamente aproveita elementos autobiográficos – mas é o exercício arguto da ficção que lhe permite abordar com mais vigor aspectos conflituosos, seja da vida familiar, seja da história do país. 
 Por Escrito, de Elvira Vigna (Companhia das Letras)
A autora presenta um grande trabalho de ousadia estilística, além de enfrentar temas difíceis com uma agressividade inédita no gênero. 
 Querer Falar, de Luci Collin (7 Letras)
Livro de poemas de uma autora ainda pouco conhecida que gira entorno de eixo fornecido por dois planos: o que se dá, enquanto se vê, e o que se espera. 
Saccola de Feira, de Glauco Mattoso (NVersos)
Um livro no qual o passado e o presente da língua se encontram, com a forma fixa dos sonetos sendo renovada pela veia erótica.
Tempo De Espalhar Pedras, de Estevão Azevedo (Cosac&Naify)
Na contramão do romance urbano, que marca fortemente sua geração, Estevão Azevedo revisita o Brasil profundo com uma história de amor e de poder, que tem o garimpo como pano de fundo. Romance que aposta no tom telúrico, revela um autor com notável domínio da narrativa.
 Totem, de André Valias
Constrói um dos grandes poemas políticos de nosso tempo a partir de uma experimentação radical que abarca a própria forma do livro. Trata-se de uma obra de resistência e sobretudo de afirmação da indianidade, precisamente em um momento de acirramento da violência contra as populações indígenas e de assalto contra os seus direitos. 
 Um Teste de Resistores, de Marilia Garcia (7 Letras)
Livro de poesia inovador que estende as possibilidades do verso, aproximando-o da prosa sem nela transformar-se, mas multiplicando suas possibilidades rítmicas aborda com habilidade as relações entre experiências de vida e de formação literária, da formação literária como experiência de vida. 

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