segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Por Alfredo Brites



Por que alguns homens desenvolvem sintomas de gravidez.




Há cerca de um ano, Harry Ashby, que tem 29 anos e trabalha como segurança na Inglaterra, figurou nas manchetes de vários jornais britânicos por estar sofrendo uma série de sintomas atípicos para um homem: náuseas, enjoos, aumento de peso e até crescimento da barriga.

Curiosamente, esses eram os mesmos sintomas que sua namorada, grávida, sentia. Ashby foi ao médico e obteve o diagnóstico: ele estava com síndrome de Couvade.
Não é uma doença, mas um conjunto de sintomas de uma "gravidez fantasma", uma espécie de gravidez psicológica ou "gravidez por empatia".
O caso de Harry Ashby pode até parecer estranho, mas não é o único, nem o primeiro.
Antecedentes antropológicos
O nome da síndrome vem da palavra francesa "couver", que significa incubar. Ela designa um conjunto de sintomas involuntários associados à gestação, que não têm nenhuma causa física aparente – e que aparecem em alguns homens que vão ser pais.
Foi um antropólogo francês que utilizou esse nome pela primeira vez em 1865 para descrever os hábitos que observou em comunidades primitivas, como na antiga Grécia, diante da espera de um bebê.
Essas comunidades passavam por rituais "imitando" o que acontecia com as mulheres grávidas. O homem imitava as dores do parto, deixava de fazer suas coisas e de ter qualquer esforço físico e, quando o bebê nascia, ele o colocava no peito e simulava a amamentação.
Sintomas
Além dos sintomas sentidos por Harry Ashby, outros comuns a quem desenvolve a síndrome de Couvade moderna são vômito, tontura, dores abdominais e dentárias, mudança de apetite, fadiga, insônia, problemas intestinais, alteração de peso, entre outros.
Em 2013, uma equipe de pesquisadores poloneses observou 143 homens que estavam para ser pais e concluiu que 72% deles apresentaram pelo menos um dos 16 sintomas da síndrome de Couvade durante a gravidez de suas esposas. Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Medical Science Monitor.
Antes disso, outro estudo realizado em 2007 por pesquisadores da Universidade St. George, de Londres, analisou 282 futuros pais que acompanhavam suas mulheres grávidas ao hospital e constatou que 11 deles relataram sintomas similares aos de Ashby.
Um dos líderes da pesquisa, Arthur Brennan, disse à época que, apesar de parecer fingimento, esses sintomas dos homens são reais.
"Algumas pessoas podem pensar que esses homens estão fingindo, mas eles não estão querendo chamar a atenção. Esses sintomas são involuntários."
Causas
Segundo especialistas, não está claro por que alguns homens desenvolvem esses sintomas típicos da gravidez. Mas alguns deles sugerem que isso pode estar relacionado com a ansiedade sobre a gestação e a paternidade.
O ginecologista e psiquiatra Alfonso Gil Sánchez diz que, tradicionalmente, toda pesquisa sobre saúde mental pré-natal tem se concentrado na mulher, mas agora há evidências concretas de que o homem também sofre mudanças - juntamente com a mulher.
Gil Sánchez, que também é membro da Sociedade Internacional de Saúde Mental Pré-Natal, afirma que há provas de que o homem passa por mudanças no cérebro para poder se relacionar e se apegar com o bebê, além de mudanças psicológicas e sociais relacionadas com as expectativas culturais sobre o que significa ser pai.
O médico destaca que a síndrome de Couvade não é uma doença psiquiátrica, nem um delírio: o homem não acredita que está efetivamente grávido.
É, na realidade, a "soma de um conflito psicológico que não se pode resolver racionalmente", disse à BBC Mundo. E, portanto, é algo que se manifesta por meio de sintomas físicos sem uma explicação aparente.
No entanto, Gil Sánchez acredita que a síndrome de Couvade "é uma manifestação absolutamente normal", que não tem nada de patológico e que reúne todos esses conflitos que surgem da mudança vital que a paternidade traz: medos, inseguranças e ansiedade.
"Não é necessariamente algo negativo", diz.
Por outro lado, o médico ressalta que, em algumas culturas, é muito difícil para um homem expressar ansiedade - admitir, por exemplo, que tem medo de ser pai e que não sabe o que fazer. E tudo isso se reflete nos sintomas do corpo.
"É o corpo expressando esses sentimentos por meio do sintomas."
Tratamento
Como não é considerada uma doença, não há um tratamento específico para a síndrome de Couvade.
Mas Gil Sánchez sugere que colocar para fora as emoções e as preocupações que os homens sentem nessa situação pode ajudar a diminuir os sintomas.
De qualquer forma, segundo os estudos realizados sobre o tema, a maioria dos sintomas relatados pelos homens desaparece depois do parto de suas esposas.
Outras teorias
Uma teoria psicoanalítica sugere que tudo começa por causa de uma inveja que o homem tem da capacidade da mulher para a gestação.
Outra teoria diz que alguns futuros pais veem o filho que ainda nem nasceu como um rival na disputa pela atenção da mãe, e o surgimento involuntário da síndrome de Couvade o ajuda a se identificar com a esposa e a desenvolver o instinto protetor com relação ao bebê.
Há também uma teoria psicossocial, que diz que durante a gestação da mulher, os homens podem se sentir relegados a um papel secundário ou "inúteis" – e para contestar esse sentimento, o homem desenvolve involuntariamente a síndrome de Couvade.
E de uma perspectiva totalmente diferente, há outra teoria que diz que é justamente a proximidade do homem com o feto que desencadeia a síndrome. Assim, os sintomas que aparecem no homem refletem o nível de "apego" que ele já tem com a criança que ainda não nasceu e sua empatia pela esposa na gravidez.
Por outro lado, há estudos mais recentes que explicam a síndrome de um ponto de vista hormonal. Essas pesquisas descobriram que os homens têm aumento do nível hormonal de prolactina e estrógeno durante o primeiro e o terceiro trimestre de gravidez de suas esposas.
Ainda segundo esses estudos, as mudanças hormonais estariam associadas à demonstração de um comportamento paternal.


É seguro reutilizar garrafa plástica de água?

 

 


Qual foi a última vez que você lavou sua garrafinha de plástico usada para tomar água? Essa mesma, que você usa para levar à academia ou ao parque, durante um passeio com as crianças? Ou a que fica na sua bolsa ou no seu carro por semanas.
Mas é seguro reutilizar essas garrafinhas? Há muitos mitos sobre essa prática. Abaixo, listamos o que é correto e o que não faz bem.
Um dos mitos que circulam na internet é que as garrafas de plástico podem liberar na água componentes tóxicos para a saúde.
"Em termos gerais, não há problemas de segurança para a saúde reutilizar essas garrafas", disse Ana Trancoso, professora de Nutrição e Ciências Alimentares da Universidade de Sevilha, na Espanha, à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
No entanto, há matizes interessantes nesse sentido, que convém ser analisadas.

A polêmica do BPA ou Bisfenol A

Segundo especialistas, está provado cientificamente que os recipientes de plástico duro a base de policarbonato, que contém o aditivo chamado Bisfenol A (ou BPA), podem, sim, liberar esse composto.
Um estudo feito pelo centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA concluiu que mais de 90% dos americanos trazia essa substância na urina.
Em nosso cotidiano, estamos expostos ao BPA a todo momento, já que ele é usado para fabricar recipientes, mas também latas de alimentos e bebidas, além de recibos, extratos bancários, CDs, etc.
O que acontece, segundo a professora, é que a quantidade dessa substância liberada em garrafas é tão pequena que muitos órgãos reguladores de saúde não a consideram um perigo.
Mas, como ainda estão sendo conduzidos estudos sobre o assunto, por precaução, muitos países proíbem que mamadeiras contenham Bisfenol A.
No Brasil, a Anvisa proíbe a importação e a fabricação de mamadeiras com BPA desde 2012. Para as demais aplicações, o uso do composto é liberado.
Também está comprovado que esse tipo de plástico com BPA, se submetido a altas temperaturas, acaba multiplicando a liberação do composto. Mas as garrafas de plástico flexíveis conhecidas como PET não utilizam BPA.

Risco verdadeiro: um ninho de bactérias

Os especialistas concordam sobre o fato de que o maior risco para a saúde associado à reutilização de uma garrafa plástica está no nível microbiológico.
Por um lado, seu uso repetido pode causar rachaduras ou furos no plástico. "Sua resistência foi pensada para um único uso", lembra Ana Trancoso.
E essas falhas no material são um ótimo lugar para abrigar bactérias – o que pode ser um risco para a saúde.
Por outro lado, a menos que essas garrafas sejam lavadas regularmente, seu reúso acarreta uma contaminação bacteriana, com micro-organismos vindos da nossa própria boca, das nossas mãos ou mesmo da exposição ao meio ambiente.
Um estudo de 2002 publicado na revista especializada Canadian Journal of Public Health analisou amostras de 76 garrafinhas de água usadas por estudantes do ensino primário.
Algumas delas estavam sendo utilizadas por meses sem ser lavadas. E dois terços delas tinham níveis bacterianos que excediam o limite recomendado para água potável.
Segundo a professora, devemos considerar a garrafinha como qualquer outro item de nossa cozinha, sempre a lavando depois do uso.
A Associação Nacional de Empresas de Águas Envasadas da Espanha não recomenda reutilizar as garrafas.
"Se você bebeu diretamente da garrafa e se a encheu repetidas vezes com outro tipo de líquido ou alimento, o interior desse recipiente já não mantém mais suas condições iniciais de total assepsia, podendo, inclusive, ser contaminada com micro-organismos e bactérias", disse a organização.
Assim, se você insistir em reutilizar sua garrafinha, ao menos siga essas recomendações para minimizar os riscos: antes de usá-la, garanta que não há rasgos ou furos e a lave com um detergente suave depois de usada.

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