Mais da metade das brasileiras na pós-menopausa têm carência de vitamina D.
Mais da metade das brasileiras na
pós-menopausa sofrem com a carência de vitamina D. Esse quadro é ainda mais
grave em locais com menor intensidade solar, como na região Sul do país. É o
que diz um estudo realizado em conjunto por pesquisadores da Unifesp e da
Associação Brasileira de Avaliação e Osteometabolismo (Abrasso).
Para a pesquisa, foram analisados
dados de 1.933 brasileiras com idades entre 60 e 85 anos que eram portadoras de
osteopenia (redução da massa óssea) e osteoporose. As participantes residiam
nas cidades de Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba ou Porto
Alegre. De acordo com os autores, a escolha das cidades foi proposital para
analisar se havia uma associação entre latitude e concentração de vitamina D.
"O problema é mais acentuado nas
regiões onde o sol é menos intenso. Isso porque mais de 90% da vitamina D
presente em nosso corpo é produzida por um processo bioquímico desencadeado
quando os raios solares incidem sobre a pele.", explicou Henrique Pierotti
Arantes, endocrinologista da Abrasso e principal autor do estudo. "Quanto
maior a latitude, menor o impacto dos raios sobre a pele da população e
vice-versa", disse o endocrinologista.
Os resultados do exame 25
hidroxivitamina D, que mede a concentração de vitamina D no organismo, mostrou
que 51,3% das participantes tinham níveis inadequados (menor que 30 ng/mL) da
substância. Em relação ao déficit por regiões, a carência de vitamina D (menor
que 20 ng/mL) foi encontrada em 10% das mulheres nas cidades do Nordeste e
chegou a 25% nas cidades do Sul do país.
"Para cada grau de latitude ao
sul do país, há uma queda na concentração de vitamina D, de, em média, 0,3
ng/mL. Esses dados são importantes para a prevenção e controle da osteoporose
no país. A carência de vitamina D pode diminuir o efeito do tratamento da
doença, facilitar a ocorrência de fraturas em casos mais graves e até
dificultar a absorção de cálcio intestinal, fundamental para que um indivíduo
mantenha uma boa saúde óssea", explica Arantes.
Silenciosa e assintomática, a
osteoporose provoca o desgaste progressivo dos ossos e atinge cerca de 10
milhões de pessoas no Brasil, principalmente idosos e mulheres na
pós-menopausa. Dados da International Osteoporosis Foundation (IOF) apontam que
a doença é responsável por mais de nove milhões de fraturas por ano no país.
Embora a falta de vitamina D no
organismo seja um problema crônico no país, ela pode ser combatida por meio de
uma medida bastante simples: tomar sol. "O ideal é expor o tronco, os
braços e as pernas, sem filtro solar, por apenas 10 minutos, das 10 horas e às
15 horas", afirma a endocrinologista Marise Lazaretti Castro, diretora
científica da Abrasso e coordenadora do estudo. A especialista ressalta,
contudo, que pessoas com contraindicação ao sol, como aquelas que já tiveram
câncer de pele ou com predisposição a ele, não devem fazer essa exposição.
Nesse caso, é preciso procurar um médico para obter a vitamina por meio de
suplementos.
"Pessoas do grupo de risco como
idosos, obesos, doentes crônicos, pessoas com doenças inflamatórias, má
absorção intestinal ou que foram submetidas à cirurgia bariátrica também devem
procurar um médico para analisar a necessidade de suplementação de vitamina
D", explica Marise.
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