quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Por Alfredop Brites




Dia de volta às aulas é o que mais tem suicídio de jovens no Japão


No Japão, a volta às aulas no segundo semestre é marcada por tragédias: segundo o governo japonês, o dia 1º de setembro é historicamente o dia do ano em que o maior número de jovens com menos de 18 anos comete suicídio.
De 1972 a 2013, mais de 18 mil crianças se suicidaram. Em média anual, foram 92 no dia 31 de agosto, 131, no dia 1º de setembro e outros 94, no dia 2.
No ano passado, o Japão registrou pela primeira vez o suicídio como primeira causa de morte para pessoas entre 10 e 19 anos.
A volta às aulas em abril também marca um pico no número de mortes de crianças.
Assustado com as estatísticas, um bibliotecário da cidade de Kamakura causou polêmica ao tuitar recentemente:
"O segundo semestre está quase chegando. Se você está pensando em se matar, porque você odeia a escola tanto, por que não vem para cá? Temos quadrinhos e romances leves. Ninguém vai brigar com você se passar o dia inteiro aqui. Lembre-se de nós como um refúgio, se estiver pensando em escolher a morte em vez da escola."

'Armadura pesada'

Em apenas 24 horas, a nota de Maho Kawai foi retuitada mais de 60 mil vezes.
A iniciativa foi criticada, já que na prática se trata de um funcionário municipal incentivando crianças a não irem à escola. Mas para muitos, ele pode ter ajudado a salvar vidas.
"O meu uniforme escolar parecia tão pesado quanto uma armadura. Não podia aguentar o clima da escola, o meu coração disparava. Pensei em me matar, porque teria sido mais fácil", escreveu o aluno Masa, cujo nome real não pode ser publicado para preservar a sua identidade.
Ele afirma que, não fosse a mãe compreensiva, que o deixou ficar em casa "matando aula", teria se suicidado no dia 1º de setembro.
A declaração de Masa foi dada a um jornal para crianças que decidem não ir à escola.
"Começamos essa organização não-governamental há 17 anos, porque em 1997, tivemos três incidentes chocantes envolvendo alunos de escolas pouco antes do começo das aulas", afirmou o editor da publicação, Shikoh Ishi.
Duas das crianças citadas por Ishi se mataram no dia 31 de agosto. Mais ou menos na mesma época, outros três alunos atearam fogo à escola que frequentavam, porque não queriam voltar às aulas.
"Foi aí que percebemos como havia crianças desesperadas e queríamos dar o recado de que não existe esta escolha entre escola ou a morte", disse Ishi.

Apoio a suicidas

Para muitas crianças japonesas, a competitividade da sociedade japonesa é insuportável
O governo japonês também lançou uma série de iniciativas – entre linhas telefônicas e outros serviços – para dar apoio a potenciais suicidas de todas as idades.
Mesmo assim, na semana passada, um jovem de 13 anos se matou no dia da cerimônia de abertura do segundo semestre.
O próprio Ishi chegou muito perto de se matar nesta idade.
"Me sentia desamparado, porque odiava todas as regras, não só as da escola, mas também aquelas entre as crianças. Por exemplo, você precisa observar cuidadosamente a estrutura de poder para evitar os bullies", disse. "Mesmo assim, se você decide não se juntar a eles, corre o risco de virar a próxima vítima."
Para ele, no entanto, o problema maior é a competitividade da sociedade japonesa. Ele próprio começou a pensar em suicídio quando não conseguiu entrar em uma escola de elite.
"O pior de tudo é uma sociedade competitiva, na qual você tem que derrotar os seus amigos."
Ishi acrescenta que, em japonês, o termo usado para exames de admissão inclui a palavra "guerra".
O que o salvou da morte foi que os seus pais encontraram o bilhete de suicídio e não o obrigaram a ir à escola.
"Quero que as crianças saibam que você pode escapar da escola, e que as coisas vão melhorar."

Seis dicas para manter o cérebro sempre jovem.


Cérebro é estimulado por fatores como alimentação, exercícios e sociabilidade .
Como qualquer boa máquina, o cérebro precisa de cuidados e atenção ao longo dos anos para garantir que ele continue funcionando bem.
Mas, no lugar de um manual de manutenção, tudo o que temos são conselhos normalmente contraditórios e confusos vindos da comunidade científica.
A BBC Future peneirou as evidências e encontrou seis maneiras promissoras de afiar a inteligência. Conheça-as.

Não perca a fé em suas habilidades

Quem nunca experimentou a sensação de entrar em uma sala e logo em seguida perceber que esqueceu o que tinha ido fazer ali?
Temos a tendência a acreditar que a perda de memória é um problema decorrente do envelhecimento. Mas a verdade é que esses lapsos podem afetar jovens ou idosos com a mesma frequência e intensidade.
Por isso, não deveríamos nos apressar em assumir que tudo é culpa da idade, já que dúvidas podem ser uma espécie de auto-profecia.
Nos últimos dez anos, Dyana Touron, da Universidade da Carolina do Norte, descobriu que com a idade, temos a tendência de perder a confiança nas nossas habilidades mentais, mesmo quando elas estão funcionando perfeitamente.
O resultado é que acabamos dependentes de “muletas”, como o GPS do carro ou a agenda do celular.
Mas, ironicamente, ao não nos colocarmos diante de desafios, podemos acelerar nosso próprio declínio mental.
Portanto, se você se encontrar diante de uma porta não sabendo onde deveria estar, veja a situação como uma oportunidade para forçar um pouco mais a memória.

Proteja seus ouvidos

A perda auditiva tem grande impacto na massa cinzenta do cérebro
A mente sofre se for isolada dos cinco sentidos. E a perda auditiva parece detonar a perda da massa cinzenta do cérebro, provavelmente por colocar uma ênfase na atenção e por nos bloquear de estímulos úteis. Segundo um estudo americano, o problema aumenta em 24% o risco de atraso cognitivo durante um período de seis anos.
Qualquer que seja a sua idade, vale a pena ter consciência das situações que poderiam estar acelerando a deterioração da audição.
Escutar música em alto volume por apenas 15 segundos por dia já é suficiente para prejudicar os ouvidos. Até mesmo o uso de um secador de cabelos por 15 minutos diários pode danificar as minúsculas células que captam o som.
E se você acha que já está sofrendo de perda auditiva, procure um médico. Cortar o problema pela raiz pode conter o declínio.

Aprenda um novo idioma ou a tocar um instrumento

Em vez de dedicar vários minutos do dia a algum passatempo ou aplicativo que promete “treinar seu cérebro”, que tal tentar um exercício mental mais ambicioso, como aprender a tocar um instrumento ou falar uma nova língua?
Ambas as atividades requerem uma ampla gama de habilidades, exercitando a memória, a atenção, a percepção sensorial e o controle de motricidade enquanto você tenta executar uma nova canção ou pronunciar os sons estranhos de novas palavras.
Os benefícios tendem a durar até a idade avançada. Um estudo publicado no ano passado descobriu que músicos têm 60% menos chances de desenvolver demência do que as pessoas que não tocam instrumentos. Outra pesquisa mostrou que falar outro idioma pode atrasar em cinco anos o diagnóstico do mal de Alzheimer.
O aprendizado também ajuda um indivíduo a valorizar suas habilidades. E se você acha que trabalha demais e não tem tempo para isso, considere-se sortudo: um trabalho mais estimulante ajuda a conservar as faculdades mentais, apesar de os benefícios nem sempre durarem até a aposentadoria.

Modere na junk food

A obesidade pode prejudicar o cérebro de muitas maneiras. O acúmulo de colesterol nas artérias pode restringir o fluxo sanguíneo para o cérebro, deixando-o sem os nutrientes e o oxigênio que ele precisa para funcionar bem.
Além disso, os neurônios são bastante sensíveis ao hormônio insulina, produzido pelo pâncreas. Comer alimentos doces e calóricos com frequência pode embaralhar a liberação da insulina, dando início a uma reação em cadeia que leva à produção de placas letais que podem se acumular no cérebro.
A boa notícia é que certos nutrientes – como o ômega 3 e outros ácidos graxos, e as vitaminas D e B12 – parecem ter um efeito “limpante” e reduzem os prejuízos provocados pela idade no cérebro.
Isso pode explicar por que idosos que sempre mantiveram uma dieta tipicamente mediterrânea – à base de peixes, legumes, verduras e baixo teor de gordura – tendem a mostrar as mesmas habilidades cognitivas que pessoas sete anos mais novas.

Concentre-se no corpo

Fazer exercícios estimula o crescimento das conexões entre neurônios
Gostamos de fazer uma distinção clara entre o corpo e a mente, mas, na realidade, estar em boa forma física é uma das melhores maneiras de manter o cérebro funcionando bem.
A atividade física não só estabelece um melhor fluxo sanguíneo para o cérebro, mas também libera uma grande quantidade de proteínas que ajudam a estimular o crescimento e a manutenção de conexões neurais.
Os benefícios são notados desde o berço: crianças que vão a pé para a escola costumam tirar melhores notas, enquanto idosos que fazem caminhadas regulares – mesmo que não sejam vigorosas – têm mais concentração e memória.

Não deixe de viver a vida

Se todas essas mudanças de rotina parecem algo difícil de adotar, saiba que uma das melhores maneiras de proteger o cérebro dos efeitos do tempo é socializar.
O ser humano é uma criatura social, e nossos amigos e parentes nos estimulam, nos desafiam a ter novas experiências e nos ajudam a descarregar o estresse e as mágoas.
Surpreendentemente, um estudo com voluntários com idades em torno de 70 anos mostrou que os mais ativos socialmente tinham 70% menos chances de experimentar um declínio cognitivo em um período de 12 anos, em comparação com aqueles com uma vida mais reclusa.
Da memória e da atenção à velocidade de processamento mental, tudo parece se beneficiar do contato regular com outras pessoas.
Ou seja, não há uma fórmula mágica única para treinar o cérebro. As pessoas que envelhecem melhor têm um estilo de vida que incorpora um pouco de tudo: uma alimentação variada, atividades estimulantes e um círculo de amigos queridos. Uma receita que também vale para quem quer ter uma vida feliz e saudável.

O que o suor revela sobre nossas emoções.

 

Em 1934, um médico britânico chamado B. A. McSwiney lamentou a colegas o fato de poucos profissionais da área se interessarem em pesquisar a composição química da transpiração humana. Em vez disso, se concentravam apenas nos mecanismos de resfriamento do corpo por meio da evaporação do suor pela pele.
Mas McSwiney sabia que o fenômeno tinha mais do que essa finalidade e que substâncias presentes no organismo também eram perdidas no processo.
Algumas delas nós não gostaríamos de perder, como os cloretos. Essas moléculas, formadas por átomos de cloro ligados aos de sódio para formar sais, são fundamentais para manter o equilíbrio do pH interno do corpo, regulando o movimento dos fluidos para dentro e fora das células e transmitindo impulsos através dos tecidos nervosos.
É normal que alguns cloretos sejam eliminados na transpiração, mas há casos em que uma pessoa pode perdê-los em excesso.
Quando somos submetidos a situações prolongadas de calor, sabemos que é preciso tomar bastante água para se manter hidratado. Mas o excesso de líquidos, aliado à sudorese, pode levar a sintomas de intoxicação por água – isso significa que o corpo não consegue repor os cloretos perdidos no suor com a mesma velocidade.
Na transpiração ainda está presente a ureia, um subproduto do organismo que também é eliminado na urina. Cientistas estimam que um adulto perca entre 600 e 700 mililitros de líquidos diariamente através do suor – 7% da eliminação diária de ureia.
Mas o suor ainda contém amônia, proteínas, açúcares, potássio e bicarbonato. Isso sem falar em vestígios de metais, como zinco, cobre, ferro, níquel, cádmio, chumbo e manganês. A transpiração é um importante mecanismo de excreção desses metais.
O suor deixa o corpo através de dois tipos de glândulas. As glândulas sudoríparas apócrinas são encontradas nas axilas, narinas, mamilos, orelhas e partes dos genitais. Já as glândulas sudoríparas écrinas são muito mais comuns – milhões delas estão distribuídas pelo corpo humano, exceto nos lábios e nos genitais.
Quando o organismo e a pele se aquecem demais, os termoreceptores enviam uma mensagem ao cérebro. Ali, o hipotálamo – um pequeno amontoado de células que controla a fome, a sede, o sono e a temperatura corporal – manda uma mensagem para as glândulas sudoríparas, que começam a produzir o suor.
Também existe um terceiro tipo de glândula sudorípara, descoberto apenas em 1987, as chamadas glândulas apoécrinas. Para os cientistas, elas são écrinas que de alguma maneira se modificaram na puberdade.

Ferramenta de comunicação

Mas nem tudo o que transborda em nosso suor é químico em sua natureza. Muita gente já experimentou a sensação de transpirar ao comer algo picante. Outras pessoas conhecem o que é suar por medo, vergonha, ansiedade ou dor.
 O cheiro das pessoas em certos estados emocionais também pode influenciar as impressões de quem o sente
Não é à toa que as palmas das mãos, a testa e as solas dos pés são normalmente associados à transpiração emocional: é nessas regiões que as glândulas écrinas estão mais concentradas – até 700 delas por centímetro quadrado de pele (as costas, em comparação, têm 64 glândulas por centímetro quadrado).
Cientistas descobriram que o suor induzido por emoções é uma importante ferramenta de comunicação. Na realidade, os odores que detectamos na transpiração podem nos dizer muito sobre o que outros estão sentindo.
Em uma experiência, um grupo de psicólogos da Universidade de Utrecht, na Holanda, coletou amostras de suor de dez homens enquanto eles assistiam a vídeos que evocavam sensações de medo (trechos do filme O Iluminado, de Stanley Kubrick) ou nojo (trechos da série Jackass, da MTV).
Em seguida, os pesquisadores pediram para 36 mulheres dizerem se podiam detectar alguma "pista" emocional nas amostras de suor.
Resultado: quando expostas às amostras de "suor de medo", as mulheres também demonstraram medo em seus rostos, enquanto fizeram expressão de nojo quando expostas ao suor oriundo daquela sensação.
Para os cientistas, isso sugere que o suor pode ser um meio eficiente de transmitir um estado emocional de uma pessoa para outra.

Anterior à linguagem

Padrões semelhantes foram observados em outros experimentos. Em 2006, psicólogos da Universidade Rice, nos Estados Unidos, descobriram que as pessoas expostas a amostras de suor de doadores que sentiam medo se saíam melhor em alguns testes de inteligência do que quando as amostras não continham suor.
O sinal de medo provavelmente as tornou mais alertas em relação a seu entorno.
Em 2012, psicólogos e psiquiatras da State University de Nova York extraíram o suor das camisetas de 64 doadores. Metade deles tinha acabado de saltar de paraquedas pela primeira vez, enquanto a outra metade fez exercícios extenuantes.
Quem cheirou o suor dos paraquedistas ficou alerta diante de rostos com expressão irritada, mas também diante de rostos com expressões neutras e ambíguas. O grupo que sentiu o odor da outra metade de voluntários ficou mais alerta apenas ao ver rostos irritados, o que é esperado em qualquer circunstância.
Para os cientistas, foi uma demonstração do que chamaram de vigilância: o suor induzido pela queda livre induziu os participantes a ficarem atentos a qualquer possível "pista social", o que talvez não ocorreria em outra situação.
O suor de paraquedistas de primeira viagem forneceu pistas químicas do medo experimentado por essas pessoas
Outro experimento realizado por psicólogos e neurocientistas alemães com homens ansiosos fez mulheres que sentiram o suor deles tomarem decisões mais arriscadas em um jogo de computador formulado para avaliar esse comportamento.
Nenhum desses estudos indica se as pessoas perceberam que o suor de outras alterou seu próprio comportamento, mas eles sugerem que, ao menos em alguns casos, a transpiração pode comunicar informações importantes sobre nosso estado mental. As pesquisas também indicam que usamos essas informações para entender melhor nosso entorno.
Talvez isso não seja uma surpresa. Nossa espécie pode ser adaptada para a comunicação verbal e linguística, mas a linguagem verbal é uma ferramenta relativamente nova para nós.
Parece razoável imaginar que nossos ancestrais tiravam partido dessas informações olfativas e nos transmitiram essa habilidade.
De fato, somos melhores em identificar emoções em humanos virtuais em uma tela de computador quando a animação os mostra transpirando.
E não só isso: a transpiração parece permitir que as pessoas percebam a intensidade de uma determinada emoção. O suor não é apenas um sinal olfativo, mas também visual.
No fim, o suor é mais do que simplesmente o ar-condicionado do corpo. Ele pode também ser uma sonda emocional, usada para anunciar nossos mais íntimos sentimentos às pessoas ao nosso redor.

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