Pesquisa indica que beijo romântico não é um comportamento universal.
A pesquisa, publicada no periódico
científico American Anthropologist, indica que o beijo romântico ou
sexual só existe em 46% das 168 culturas analisadas. Em algumas que não
apresentam este comportamento, ele é considerado até mesmo repulsivo.
Na América do Sul, por exemplo, a taxa
foi ainda maior: 81% das 21 culturas analisadas não praticam este beijo. Um
exemplo pode ser encontrado no Brasil, no Alto Xingu, onde os índios da tribo
Menihaku, uma das mais isoladas da região amazônica, veem este tipo de beijo
como algo "nojento", segundo relatos etnográficos.
A América do Sul só é superada pela
América Central, onde 100% de 31 culturas regionais analisadas no estudo não
apresentam este hábito, e pela África, com 87% de 31 culturas. Os pesquisadores
não especificam no artigo quais foram todas as culturas analisadas, embora
beijos sejam comuns em contextos urbanos em várias dessas regiões.
No outro extremo, está o Oriente
Médio, onde o beijo romântico está presente em 100% das dez culturas estudadas,
seguido pela Ásia (73% de 37 culturas), Europa (70% de dez culturas), América
do Norte (55% de 33 culturas) e Oceania (44% de 16 culturas).
Etnocentrismo ocidental
O novo estudo contradiz pesquisas
anteriores que apontavam o beijo romântico ou sexual como um comportamento
quase universal, presente em 90% das culturas humanas.
"Suspeitamos que o etnocentrismo
ocidental - ou seja, 'a crença de que um comportamento atualmente considerado
prazeroso tenha de ser algo universal aos humanos' - pode estar levando ao
equívoco comum de que o beijo romântico-sexual é (quase) universal", dizem
os autores da pesquisa.
"Apesar de beijar ser uma forma
de comunicar intimidade em algumas sociedades ou funcionar como uma atividade
erótica específica em outras, é importante notar que, para algumas, o beijo é
visto como desagradável, sujo ou simplesmente incomum, assim como outros
comportamentos sexuais ou românticos."
Os cientistas ainda afirmam terem
encontrado evidências de que o hábito do beijo romântico-sexual está ligado à
complexidade destas sociedades.
Quanto mais estratificada socialmente
é uma cultura, mais presente é este comportamento. "Isso não está ligado a
nenhuma região geográfica ou cultural", esclarecem os pesquisadores.
"É possível que o surgimento do
beijo romântico-sexual coincida com o surgimento de outros fatores, como a
higiene oral ou a ascensão de classes sociais de elite que valorizam o
autocontrole do afeto e demonstrações afetivas."
Como o rosto controla nosso destino.
Imagine crescer com um irmão gêmeo não idêntico. Vocês teriam a mesma educação, a mesma escolarização, os mesmos interesses. Os dois seriam igualmente aventureiros e interessantes. Iriam à mesma academia e comeriam o mesmo tipo de comida. Espiritualmente e mentalmente, vocês seriam sósias. Mas teriam apenas uma diferença: o rosto.
Talvez um de vocês tivesse feições
mais infantis e delicadas, enquanto o outro, ossos mais proeminentes e traços
mais grosseiros.
Como seria a vida de cada um de vocês?
Será que teriam o mesmo destino ou as diferenças na aparência os conduziriam a
diferentes caminhos?
Infelizmente, a resposta parece ser
esta última. Bastam algumas frações de segundos para que alguém que nos vê pela
primeira vez forme um julgamento sobre nossa competência, nossa confiabilidade,
nossa capacidade de liderar e muito mais.
Todos esses conceitos pré-formados
podem moldar fatos essenciais na nossa vida, determinando praticamente tudo –
dos amigos que faremos à saúde de nosso saldo bancário.
‘Preconceito facial’
“Apesar de acharmos que tomamos
decisões de uma maneira racional, somos frequentemente seduzidos por
interpretações superficiais”, afirma o psicólogo Christopher Olivola, da
Universidade Carnegie Mellon, no Estado americano da Pensilvânia. “As
aparências são particularmente superficiais, mas ao mesmo tempo um sinal muito
forte.”
No passado, essa distinção pelo rosto
era considerada um fato infeliz da vida. Mas quanto mais Olivola e seus colegas
foram entendendo a influência penetrante disso, mais começaram a se perguntar
se esses julgamentos deveriam ser tratados como um tipo de preconceito. Se sim,
algo deveria ser feito.
Por causa do nosso culto à
celebridade, a beleza física pode parecer ser a maior fonte do que psicólogos
chamaram de “preconceito facial”. Já no início dos anos 1990, o economista
Daniel Hamermesh descobriu que pessoas consideradas mais atraentes tendem a
ganhar de 10% a 12% mais que outras, em várias carreiras – do futebol americano
à advocacia.
Na realidade, a única exceção que ele
encontrou foi entre assaltantes armados. “Se um bandido consegue assustar
alguém com sua aparência, tende a ser menos violento e faturar mais”, diz o
economista.
Competência e honestidade
Nossa preocupação com a beleza pode
ter nos ajudado a negligenciar as várias outras formas de preconceito facial,
como descoberto pelo psicólogo Alexander Todorov, da Universidade de Princeton,
há dez anos.
Ele pediu para que voluntários
olhassem fotos de candidatos ao Congresso americano por apenas um segundo e
julgassem o quão competentes eles pareciam ser. Mesmo quando considerados
fatores como a idade e a beleza, o rápido julgamento dos participantes previu
com quase 70% de precisão aqueles que acabaram sendo eleitos.
Reação a mínimas feições
É verdade que tudo isso se baseia em
relatos completamente subjetivos. Como podemos saber o que torna um rosto ser
honesto, competente ou dominante?
Uma possibilidade é que estamos
simplesmente reagindo a expressões faciais – um sorriso franco ou um franzido
raivoso. Não há dúvidas de que isso faz uma diferença. Ainda assim, há indícios
de que também percebemos outros sinais mais permanentes.
Por exemplo, Olivola e Todorov usaram
imagens cuidadosamente manipuladas por computador de pessoas com expressões
neutras. Ao pedirem para que elas fossem avaliadas por voluntários e comparando
as notas dadas a diferentes fotos, os pesquisadores conseguiram criar um tipo
de “moldura digital” que capta as características sutis que sinalizam cada
traço.
40 milésimos de segundo
Talvez você goste de pensar que jamais
seria tão superficial – mas a verdade é que, toda vez que você conhece alguém
pela primeira vez, espontaneamente faz uma avaliação daquela pessoa.
Todorov demonstrou que 40 milésimos de
segundo é o tempo necessário para se formar uma rápida impressão da
personalidade de um indivíduo – isso representa cerca de um décimo da duração
de um piscar de olhos.
Além disso, trata-se de um hábito para
toda a vida: até crianças de 3 ou 4 anos conseguem decidir quem é “bonzinho” ou
“malvado” baseados apenas em aparências.
Esse tipo de julgamento flutuante
poderia não ser muito preocupante se fosse mais preciso. Mas eles contêm alguma
dose de verdade.
Abuso de drogas pode modificar o cérebro de mulheres de forma permanente.
Um novo estudo publicado recentemente na revista científica Radiology revelou que mulheres que abusam de drogas ilícitas podem sofrer alterações permanentes no volume cerebral, com consequências a longo prazo. No caso dos homens, por outro lado, não houve nenhuma mudança relevante.
Para realizar o experimento, os
pesquisadores analisaram a estrutura do cérebro com imagens de ressonância
magnética de 127 homens e mulheres. Do total, 59 deles tinham histórico de
dependência em cocaína e metanfetamina por, em média, quinze anos. O outro grupo
era composto por 68 pessoas saudáveis.
Os exames mostraram que mesmo após um período
de pouco mais de um ano sem utilizar drogas, as mulheres tiveram alterações
significantes no cérebro quando comparadas com as voluntárias saudáveis. De
acordo com os resultados, houve redução da substância cinzenta nas regiões
frontal, límbica e temporal -- estruturas do cérebro associadas à recompensa,
ao aprendizado e ao controle das funções executivas.
"Essas regiões são importantes
para tomar decisões, sentir emoções, processar recompensas e criar
hábitos", diz Jody Tanabe, autor do estudo e professor da Escola de
Medicina de Denver, na Universidade do Colorado, nos Estados Unidos.
Segundo Tanabe, um menor volume da
substância cinzenta está associado ao comportamento impulsivo, além de um maior
potencial de abuso. Os pesquisadores acreditam que as descobertas podem ajudar
a descobrir as diferenças biológicas do uso de drogas entre homens e mulheres
e, dessa forma, estabelecer tratamentos mais específicos para cada gênero.
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