terça-feira, 30 de junho de 2015

Por Alfredo Brites



Obsessão por aparência "perfeita" pode levar a suicídio.

 Há dois anos, a ex-modelo Alicia Douvall fez duas revelações impactantes: ela gastou mais de US$ 1,5 milhão em tratamentos estéticos e estava tão viciada em cirurgia plástica, que foi diagnosticada com o "transtorno dismórfico corporal" (TDC).

A doença, também conhecida como dismorfofobia, consiste em uma preocupação exagerada e fora do normal com a aparência. É comum os sintomas começarem na adolescência. Minnie Wright, por exemplo, tem 47 anos e passou praticamente a vida toda sofrendo com o transtorno.
"Os sintomas começaram quando eu tinha 11 anos e era vítima de bullying. Principalmente por causa do tamanho do meu nariz", conta. Minnie disse ainda que colocava maquiagem para tentar fazer sombra e disfarçar o nariz e sempre inclinava a cabeça para evitar mostrar seu perfil.
Vaidade?
As pessoas com TDC demoram para pedir ajuda por terem medo de serem classificadas como "vaidosas". O médico David Veale, especialista em TDC, trabalha na área há 20 anos e começou depois que um dos seus pacientes se suicidou por causa da doença.
"O ideal é diagnosticar as pessoas com TDC em um estágio inicial da doença, porque o tratamento é mais fácil. Antes que todos esses pensamentos e ansiedades cheguem à sua mente", aconselha. Veale disse ainda que a "mensagem mais importante a passar sobre o TDC é que é uma doença curável."
O tratamento normalmente consiste em uma combinação de antidepressivos e terapia cognitiva-comportamental. No entanto, conseguir diagnosticar o transtorno e tratá-lo é um processo lento.
Durante esse tempo, quem sofre de TDC pode tentar "curar" essas imperfeições que encontra por meio da cirurgia plástica.
Cirurgia
Minnie explica que queria fazer algo para mudar sua realidade de bullying e corrigir sua 'imperfeição'. "Mas eu ainda era uma criança. Quando completei 18 anos, me deram uma cirurgia de nariz", lembra. "No início, me senti melhor, mas no fundo, eu ainda era infeliz. Era como trocar os móveis de lugar, no fundo, o problema permanecia ali. Você só o via de forma diferente."
Pouco tempo depois, Minnie concentrou sua fonte de infelicidade no seu cabelo e os sintomas chegaram a deixá-la tão abalada, que ela chegou a cogitar o suicídio.
Estudos sugerem que pessoas com esse transtorno são mais propensas ao suicídio que a população em geral. Minnie conheceu quatro pessoas com TDC que se mataram.
Veale, que trabalha para a Fundação do Transtorno Disfórmico Corporal, conta que um terço dos seus pacientes se submeteram a pelo menos um tratamento estético.
O dado mais alarmante é que menos de 10% das pessoas com esse transtorno ficam satisfeitas com os resultados.

Algumas pessoas chegam a cogitar suicídio por síndrome
Foto: iStock
Resolvido um "problema", elas tendem a se concentrar em outro aspecto de sua aparência, algo que acaba levando essas pessoas a se submeterem a vários procedimentos cirúrgicos para corrigir "imperfeições".

Diagnóstico
Estima-se que 15% das pessoas que querem fazer cirurgia plástica têm TDC. O cirurgião plástico Simon Withey afirma que o transtorno "é extremamente complicado" e adverte que os cirurgiões "nunca conseguem ser especialistas" na hora do diagnóstico.
"Mas com as perguntas adequadas, é possível ter um sexto sentido para identificar que algo não está bem. Se sinto que algo não está bem, não opero."
Os psiquiatras têm várias ferramentas para identificar a dirmorfofobia, mas leva tempo até que se tenha o diagnóstico e por isso é inviável utilizá-las nas clínicas dos cirurgiões plásticos na preparação para a operação.
A médica Alex Clarke estuda os aspectos psicológicos da cirurgia plástica. A equipe dela está desenvolvendo um questionário de análise mais acessível para os médicos.
"Os cirurgiões querem operar. A preocupação deles é que se eles disserem não, o paciente irá a outro cirurgião para fazer", explica Clarke. O questionário identifica a presença dos sintomas clássicos de TDC e explora as expectativas do paciente.
Nos testes do estudo, tanto os cirurgiões, como os pacientes, aceitaram essa nova ferramenta."Nos últimos 15 anos, temos visto como cirurgiões mudaram – se antes resistiam a esses testes, hoje reconhecem que essas práticas fazem parte de um serviço de maior qualidade", opina Clarke.
Dificuldades
O problema, porém, é como chegar àqueles profissionais inescrupulosos dispostos a tudo por dinheiro. O cirurgião Marc Pacífico, porta-voz da Associação Britânica de Cirurgiões Plásticos e Anestesistas, confessa que "o buraco é mais embaixo".
"É triste, mas se você procurar, sempre vai encontrar alguém disposto a fazer a operação que quiser. Qualquer um pode se chamar de 'cirurgião plástico' e ter um consultório."
Ele diz ainda que as pessoas podem ser enganadas facilmente por sites sofisticados e famosos na internet. Para evitar cair nas mãos de profissionais "inescrupulosos", a Associação recomenda buscar os certificados e as credenciais oficiais do médico.
Em alguns casos, o paciente chega a encontrar primeiro um vendedor da cirurgia para só depois falar com o cirurgião. O preço também costuma ser mais baixo do que o do mercado.
Primeiro mundo?
É comum os comentários de notícias que saem na mídia a respeito do TDC serem de que "esse é um problema de primeiro mundo." Mas há evidências que provam o contrário. O professor brasileiro Leo Fontanelle é especialista em TDC no Rio de Janeiro. E o Brasil é um dos países que lidera as estatísticas de cirurgia plástica no mundo todo.
"Vimos pacientes de todas as classes econômicas. Mas não temos dados sobre quantos dos nossos pacientes se submeteram a cirurgia antes de serem diagnosticados e tratados", disse.
Fontanelle reiterou que "é muito importante que os cirurgiões estejam atentos a esse problema e direcionem os pacientes ao tratamento adequado."
A selfie é culpada?
Durante muito tempo, a mídia foi citada como culpada pela obsessão das pessoas com a aparência e, nos últimos anos, o advento das selfies veio para alimentar ainda mais essa obsessão.
Um estudo recente mostra que as pessoas entre 16 e 25 anos dedicam 16 minutos e sete tentativas em média para fazer o "selfie perfeito".
Mas a pressão pela perfeição afeta o estado mental das pessoas?
Segundo Veale, não é bem assim. "É difícil traçar uma linha entre o que é uma insatisfação do corpo e o que é o TDC propriamente dito."
O especialista explica que são as experiências que temos quando somos mais jovens, como uma relação distante entre mãe e filho ou o bullying na escola, que poderão afetar a pessoa. "A pressão da mídia está lá fora e tem pouca influência na história", diz.
Para Clarke, a dismorfofobia é um tema que deve ser abordado primeiro na escola. "É necessário ensinar as crianças a educação midiática para que aprendam que essas imagens retocadas não são reais. É muito fácil ser vítima dessas pressões se você não for suficientemente forte", finaliza. BBC

Dieta pós-parto necessita de atenção e Cuidados redobrados.

 

 Voltar ao peso que você tinha antes da gravidez é um desejo? Para a maioria das mulheres que tiveram filhos recentemente isso é uma grande preocupação. Mas com uma boa dieta pós-parto é possível retomar a forma sem comprometer a sua saúde nem a do bebê.

 A dieta pós-parto precisa de muito mais atenção do que regimes de emagrecimento feitos em outros momentos da vida. A nova mamãe não pode perder sua energia, essencial para cuidar do filhote e se adaptar à nova rotina, nem comprometer a qualidade do leite materno, que vai alimentar o bebê.
O primeiro passo para perder aqueles quilinhos extras depois da gravidez é se preparar mentalmente. Assim como em qualquer plano alimentar para queimar gordura, na dieta pós-parto você precisa manter o foco no resultado para não sair da linha e ver o peso indo embora lentamente.
A Association of Reproductive Health Professionals (Associação de Profissionais de Saúde Reprodutiva), dos Estados Unidos, explica que toda mulher precisa procurar o acompanhamento nutricional para uma dieta pós-parto saudável. Estilo de vida, quantidade de quilos ganhos na gravidez e tipo de alimentação que segue fazem muita diferença na hora de indicar os melhores alimentos.
 O cálcio, por exemplo, precisa estar presente em grande quantidade nos alimentos consumidos. Esse mineral tem diferentes funções no corpo, ajuda a relaxar os músculos, a coagulação do sangue e beneficia os dentes e ossos, tornando-os mais fortes e resistentes. Alimentos ricos em cálcio são: espinafre, laticínios, beterraba e couve.
 Outro mineral essencial, durante a gravidez ou na dieta pós-parto, é o ferro. Mulheres que perderam muito sangue durante o nascimento do filho podem ter a recomendação de tomar suplementos com esse ingrediente na fórmula. Alimentos ricos em ferro são: fígado, tofu, espinafre, acelga e passas.
 O consumo de peixes é benéfico para todas as pessoas em qualquer momento de vida, sendo assim é um alimento que deve estar presente nas refeições da dieta pós-parto. Ricos em vitaminas A e D, ferro e gorduras boas, podem substituir o consumo de carne vermelha, que em excesso é prejudicial.
 Balancear os nutrientes é a melhor maneira de manter a saúde e conseguir perder peso.
 Os exercícios podem parecer uma atividade complicada após o parto, mas eles são altamente recomendados para a recuperação do organismo e para a perda de peso. É claro que as atividades precisam começar leves, principalmente em casos de parto por cesárea, por isso pergunte ao seu médico o que ele recomenda no seu caso.

 Deixando sexo de lado: assexuais falam sobre preconceito.



 J.J. tem 31 anos, é casada, mas não gosta de sexo. "Como assim?" é um das primeiras perguntas que muitos fazem. A partir dessa trama, começam a traçar razões do por que ela não gosta. Seria tímida? Não encontrou a pessoa certa? Ou é extremamente religiosa?
Nenhuma das alternativas. J.J. faz parte de uma pequena parte da população que se considera assexual, ou seja, que não tem interesse em fazer sexo e podem chegar a nem ter interesse em um relacionamento amoroso.
Ainda considerada um tabu, a definição desta orientação sexual é nova, tendo sido criada no início dos anos 2000, segundo Elisabete Regina Baptista de Oliveira, pedagoga. Porém, apesar da denominação ser recente, assexuais sempre existiram e começaram a emergir graças à internet.
Segundo a pedagoga, a internet foi propulsora do movimento, pois possibilitou que as pessoas encontrassem outras que também não tinham interesse por sexo. Ao colocar um “a” na frente da palavra “sexualidade” firmou-se uma bandeira daqueles que não se identificavam com a cultura sexualizada. E foi em 2001 que surgiu, nos Estados Unidos, a primeira e maior comunidade de assexuais, a Asexual Visibility and Education Network (AVEN), ou, Visibilidade Assexual e Rede de Educação (em tradução livre), que atualmente conta com mais de 70 mil integrantes em seus fóruns de discussão.
Assim como existem categorias como heterossexualidade e homossexualidade, dentro do campo da assexulidade existem os homoromânticos, heteroromânticos, biromânticos e panromânticos.
A pedagoga Elisabete Regina Baptista de Oliveira relata que a descoberta da assexualidade acontece, normalmente, na pré-adolescência e na adolescência. E que por falta de informação, muitos formulam hipóteses do por que são diferentes. “Alguns pensavam que era apenas timidez, ou poderia ser pelo fato deles serem religiosos... Mas no geral, acabavam por chegar na hipótese da homossexualidade. Ou eles mesmos chegavam nessa hipótese ou era uma coisa trazidos pelos colegas em forma de bullying”.
 “A assexualidade é uma realidade e está longe de ser uma doença. Essa diferença é uma expressão legítima da pessoa e isso tem que ser respeitado, é o princípio da autonomia e do respeito”, afirma o psicólogo Breno Rosostolato.
A psicóloga Débora Pissarra explica que se a sexualidade não aparece da forma como se conhece, por relações sexuais, sua energia pode estar convertida para o estudo, para o trabalho, para outras áreas.
Assexuais romântico podem se apaixonar normalmente e também ter relações sexuais, como no caso de J.J.
Ela conta que conversou com o marido sobre sua orientação sexual e que eles convivem em harmonia, “ele não é assexual, mas é muito tranquilo com esse lance de sexo, por isso tem dado certo”.
Segundo o psicólogo Breno Rosostolato, “o assexual sofre muito porque a sociedade não os olha como se fossem naturais"

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