Beber moderadamente é seguro? Quatro mitos sobre o consumo de álcool.
A iniciativa, chamada Dry January
("Janeiro seco", em tradução literal), ganhou a adesão do médico e
apresentador da BBC Michael Mosley.
Para mostrar os efeitos do álcool nos
processos químicos de seu corpo, Mosley se submeteu a uma série prévia de
exames de sangue e fará outra rodada assim que o desafio chegar ao fim.
Enquanto os resultados não saem,
Mosley conversou com especialistas para descobrir a verdade sobre mitos
espalhados há décadas – ou por séculos? – a respeito dos efeitos do consumo de
álcool, alguns deles relacionados a supostos benefícios à saúde.
Confira, abaixo, respostas para quatro
deles:
1) 'Beber moderadamente não faz mal'
Infelizmente, explica Mosley, qualquer
quantidade de álcool que você ingerir irá provocar um aumento nos riscos de
desenvolver algumas formas de câncer – particularmente câncer de mama –,
incluindo algumas ocorrências mais raras da doença, em partes do corpo como
cabeça, pescoço e garganta.
É claro que esses riscos são menores
quando se bebe moderadamente, mas eles tendem a crescer bastante rápido
conforme a ingestão de drinques avance.
O apresentador da BBC conversou com o
professor Tim Stockwell, diretor do Centro de Pesquisas sobre Dependência
Química da Universidade de Victoria, no Canadá. O pesquisador tem prestado
consultoria a diversos governos, inclusive o de seu país, sobre recomendações a
respeito do consumo dessas bebidas.
Ele acredita não haver nenhuma vantagem
bioquímica no hábito de beber, embora reconheça que o consumo moderado possa
trazer eventuais "benefícios sociais".
"Há ao menos 60 formas diferentes
de o álcool te fazer mal ou matar", afirmou. "E não apenas por meio
de doenças óbvias, como as de fígado."
Segundo Stockwell, o consumo de
bebidas alcoólicas, em qualquer quantidade, aumenta o risco de mulheres
desenvolverem câncer de mama.
"Teríamos 10% a menos de mortes
no mundo por causa dessa doença se ninguém bebesse", alerta.
Para ele, os estudos que apontam que
beber moderadamente não faz mal consideram como abstêmios até mesmo
ex-alcoólatras e pessoas de saúde ruim, o que prejudica seus resultados.
2) 'Tomar vinho tinto faz bem para você'
É quase uma tradição: há tempos,
ouve-se dizer que beber vinho tinto faz o coração funcionar muito melhor –
idosos de algumas partes do mundo, por exemplo, atribuem a longevidade ao
hábito de tomar uma taça antes das refeições.
A verdade é que as uvas, e por
consequência o vinho, têm uma substância chamada resveratrol, que, segundo
estudos, diminui os níveis de um tipo de colesterol que pode se acumular nas
paredes dos vasos sanguíneos, e, no limite, causar obstruções e doenças
cardiovasculares.
O problema, afirma Mosley, é que esse
benefício só é alcançado com o consumo de uma quantidade muito grande de vinho.
E os malefícios desse hábito seriam tão grandes, incluindo os riscos de câncer
citados acima, que essa vantagem ficaria pequena perto dos potenciais
malefícios.
3) 'Misturar bebidas te deixa mais bêbado'
Na verdade, explica Mosley, não
interessa muito que tipos de álcool há nos drinques que você está bebendo: o
resultado será o mesmo.
Uma das exceções é quando é feito o
uso de bebidas com bolhas, como champanhe, por exemplo.
O motivo é que elas relaxam os
músculos que controlam a passagem de álcool e comida entre o estômago e o
intestino delgado, onde as substâncias passam a ser absorvidas pelo organismo.
Ou seja, se você tomar champanhe e,
logo em seguida, partir para a cerveja, essa segunda bebida chegará ao intestino
delgado, te deixando bêbado muito mais rápido.
4) 'Cafeína ajuda a melhorar da bebedeira'
Trata-se de outro mito, de acordo com
o apresentador da BBC.
Segundo Mosley, todo o álcool que você
consumiu vai continuar no seu corpo até ser totalmente metabolizado, mesmo que
você tome uma jarra inteira de café na manhã seguinte.
O máximo que a cafeína pode fazer é te
deixar um pouco mais desperto durante a ressaca.
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